Fora do ranking da Fifa, seleção de São Tomé e Príncipe não joga desde 2003
Quando o sorteio dos grupos das eliminatórias da Copa Africana de Nações (CAN) de 2012 foi realizado, no fim de fevereiro, o nome de São Tomé e Príncipe não constava em nenhum dos quatro potes com os países participantes. Como acontece desde 2004 em todos os sorteios do torneio ou das eliminatórias para a Copa do Mundo, a federação local desistiu de entrar na disputa alegando falta de recursos.
Campo do Estádio Nacional 12 de Julho com treino da seleção.
A última vez em que a seleção são-tomense disputou uma partida, seja ela oficial ou amistosa, foi em novembro de 2003, quando foi derrotada fora de casa por 8 a 0 pela Líbia pelas eliminatórias do Mundial de 2006. Sem jogar, São Tomé e Príncipe nem aparece mais no ranking da Fifa. A melhor colocação do país até hoje foi o 179º lugar, em agosto de 2000, mesmo ano em que a seleção conquistou sua última vitória: 2 a 0 sobre Serra Leoa, no Estádio Nacional 12 de Julho, em São Tomé, pelas eliminatórias da Copa de 2002.
- Nós temos grandes jogadores aqui, o que nos falta é oportunidade. Tenho certeza de que se tivermos a chance de enfrentar outras seleções africanas não vamos ficar a dever a ninguém. Podemos até não ganhar, mas não vamos fazer feio - disse o lateral-esquerdo Ceke, que vai atuar no Atlético de Alagoinhas, da Primeira Divisão da Bahia.
Mesmo sem nenhuma partida em vista, os jogadores das seleções de base e principal de São Tomé e Príncipe treinam todas as semanas no Estádio Nacional. Os treinos começam bem cedo, por volta das 6h, por conta do forte calor e da umidade, já que o país localiza-se bem na Linha do Equador. Também por causa do clima, o campo tem grama sintética. Treinar à noite não é possível em razão dos graves problemas no abastecimento de energia elétrica, motivo pelo qual os refletores do estádio quase nunca são acessos.
- Eu digo aos jovens para continuar acreditando, para que estejam prontos no dia em que uma oportunidade chegar. Pois ela acaba chegando, como aconteceu com os meninos que vão jogar no Atlético de Alagoinhas - afirmou o camaronês Gustavo Clemente, treinador das seleções de base e principal descobridor de talentos do país.
Campeonato local sem verbas
A situação dos clubes não é muito melhor. O Campeonato Nacional divide-se num torneio em São Tomé, onde vive a maioria dos 160 mil habitantes do país, e outro no Príncipe, com população de menos de 10 mil habitantes. Os vencedores se enfrentam numa final de jogo único, disputado a cada ano numa ilha. Ou, ao menos, é o que está previsto. Por causa da falta de verbas e de um problema no barco que faz a ligação entre as duas ilhas, o Vitória de Riboque, que sagrou-se campeão de São Tomé em novembro, ainda não pode enfrentar o Grupo Desportivo Sundy, campeão do Príncipe.
A Copa Africana de Nações de 2012 será disputada no Gabão e na Guiné Equatorial, os dois países mais próximos das ilhas de São Tomé e Príncipe. A Federação São-Tomense de Futebol (FSF) foi fundada em 1975, ano em que o país tornou-se independente de Portugal, e é presidida há mais de uma década por Manuel Dende. A entidade recebe anualmente U$S 250 mil de auxílio da Fifa.
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