sexta-feira, 19 de março de 2010

Assistente brasileiro Roberto Braatz encara maratona para Copa do Mundo

Priscila Forone/Gazeta do Povo

Roberto Braatz entra em forma para a Copa

Não é fácil garantir vaga na Copa do Mundo. Isso é sabido. Para estar lá como árbitro, o nível de exigência é alto, tão difícil quanto para um jogador. São treinos, viagens, análises, relatórios e estudos. A menos de três meses do Mundial da África do Sul, o paranaense Roberto Braatz, 42 anos, está focado em um único objetivo.

Após 16 anos no apito profissional, ele integra o trio brasileiro selecionado para o principal torneio de futebol do planeta. Ao lado dos gaúchos Carlos Eugênio Simon (árbitro) e Altemir Hausmann (assistente), Braatz é observado quase que 24 horas pela Fifa.

A entidade máxima do futebol "cola" nos 30 trios escolhidos para atuar na Copa do Mundo. Em entrevista, por telefone, à Gazeta do Povo, Braatz revela como tem sido a sua rotina dias antes do momento mais aguardado na carreira de um árbitro de futebol.


Como está a preparação para sua primeira Copa do Mundo?

- Cada coordenador de área acompanha todos os árbitros, definindo estratégias de como nós estávamos, o que nós temos que melhorar e eles fazem um acompanhamento de 15 em 15 dias. Em maio, a gente reúne de novo e vê qual foi a evolução, tanto é que nós teremos de enviar todas as imagens dos jogos que estamos trabalhando para eles. Eles vão avaliar toda colocação, velocidade, energia, se tem unha encravada no dedão do pé ou não. Tudo muito detalhado. Funciona como uma preparação de jogador. No último encontro, na Espanha, nós tivemos de fazer os tradicionais tiros de 40 metros abaixo a 5s90. Normalmente, seria feito em 6s. Eles vão reduzindo isso. Na área médica também temos de mandar um relatório de todos os tipos de situações. Por exemplo, essa semana tive um problema intestinal, tudo tem de estar registrado para a Fifa saber por que não rendeu tanto.

E agora vocês, do trio brasileiro, vão apitar sempre juntos até a Copa?

- A Fifa já mandou um ofício pra CBF pedindo que a gente trabalhe juntos no maior número de partidas. Trabalhamos na terça-feira no jogo da Libertadores (Juan Aurich 4 x 2 Alianza Lima). Este ano, foi o primeiro jogo que fizemos juntos. A gente estava focado para o teste, pedimos para não sermos escalados. Mas Fifa pediu para que a gente trabalhe em cinco ou seis partidas juntos até maio.

A Fifa já informou qual a língua oficial para os árbitros durante os jogos da Copa? 

- Você não tem de estar 100%, mas é o inglês a língua da arbitragem. No entanto, para a Copa de 2014 ela será obrigatória. Para essa Copa eles abriram uma exceção. Em 2011, eles vão fazer alguns testes e se os árbitros não estiverem conversando, eles já estão fora do processo (O paranaense Héber Roberto Lopes está pré-selecionado para a Copa de 2014). Toda a conversação que a gente faz nos fóruns é em inglês. Os vídeos de lances para a gente analisar e comentar é tudo em inglês.

Como a Fifa consegue uniformizar as arbitragens de todos os continentes? 

- Em cada torneio é feito uma reunião dos jogos que teve. São analisados os lances, os erros e acertos. Por exemplo, atingiu o cara com sola, isso é sempre expulsão. Então, são apresentados lances pontuais para se chegar ao padrão. Tudo através de imagens de jogos oficiais. Eles também mandam vídeos, a gente comenta e três dias depois a gente já tem um consenso.

Quando você embarca para África do Sul? 

- Entre 15 e 20 de maio a gente deve estar viajando. São sempre 15 dias antes, para você se ambientar, ficar bem treinado. Uma situação toda para começar já 100%.

O próximo encontro dos 30 trios é na Argentina?

- Argentina, dias 2, 3, e 4 de abril, aí depois a gente se encontra só na Copa. Agora é concentrar, sabendo que a gente não tem história. O último jogo teu é o que interessa. Você pode acertar 300 lances em 30 jogos que só vai valer o que está no dia.

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